POLIS

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O projeto nasce com foco no comportamento político nas sociedades contemporâneas e nos efeitos dos movimentos sociais e políticos atuais sobre as liberdades e processos emancipatórios, bem como seus impedimentos em escala local, nacional e global. Tem por objetivos o desenvolvimento de um campo interdisciplinar de reflexão e prática investigativa e divulgadora, reunindo debates em torno de questões como: preconceito, racismo, sexismo, xenofobia, movimentos sociais, violência coletiva social, relações de poder, movimentos emancipatórios de povos e nações, valores democráticos e autoritarismos, laicidade, análises de discursos e ideologias, de universos simbólicos e práticas institucionais. Nessa perspectiva, o Polis atua desde sua criação formal em 2013, como projeto de extensão e em 2015 como Blog para divulgação e atualização.

terça-feira, 3 de outubro de 2023

O ataque do Azerbaijão à Armênia

 






Em amarelo, a região chamada Nagorno-Karabakh. Em verde e branco, região autoproclamada República de Artsakh (ou República de Nagorno-Karabakh) (Foto: Wikimedia Commons).


A república de Artsakh ou Nagorno-Karabakh reivindicava reconhecimento internacional desde os anos 1990 para poder se tornar um Estado independente e soberano. Artsakh (assim chamada em alusão a um dos reinos antigos da Armênia) ou Nagorno-Karabakh, cuja capital é Stepanakert fica em região montanhosa colonizada por armênios mas localizada em território hoje reivindicado pelo Azerbaijão. Local em que se travaram os últimos conflitos que resultaram na fuga da maioria dos seus habitantes, tornando-o um país quase fantasma. A brutal invasão foi efetuada pelas forças militares comandadas por Ilham Aliyev, o ditador do Azerbaijão, que sempre teve, para seus planos expansionistas, o apoio de outro ditador, o presidente turco Recep Erdoğan. O conflito na região sempre existiu mas nunca tinha chegado ao nível atual. Há tempos, muitos de seus habitantes perdem a vida em razão de tiroteios na fronteira com o Azerbaijão, fazendo com que aqueles territórios se tornem cidades-fantasmas, com um rastro de destruição que se estende a outras províncias desse país, que só existe para a população armênia local. Não bastou que os separatistas se rendessem e desistissem da criação da nova nação, a República de Nagorno-Karabakh; os algozes azerbaijanos continuaram atacando até que metade dos seus habitantes abandonassem aquelas terras em busca de abrigo além de suas fronteiras, na direção do território armênio. Nagorno-Karabakh foi, repetidas vezes, submetido ao jugo das grandes potências e teve que deixar de fazer parte da Armênia para se tornar, no stalinismo, parte da República Socialista Soviética do Azerbaijão apesar de sua população, já naquela época, ser formada quase que totalmente por armênios étnicos. Em épocas mais recentes, entre 1988 e 1994, Armênia e Azerbaijão voltaram a disputar  Nagorno-Karabahk. A quebra unilateral do atual cessar-fogo pela ditadura do Azerbaijão permitiu, mais uma vez, a destruição de milhares de vidas armênias sem que a comunidade internacional tomasse qualquer medida para evitar essas agressões. Conta-se cerca de 50 mil refugiados que em desespero cruzam a fronteira em direção à Armênia, ou seja quase 50% da população local. Como afirmou o Primeiro-Ministro armênio, Nikol Pashinyan, está em curso mais uma limpeza étnica contra o povo armênio. A guerra desproporcional que se reinicia tem o ditador azerbaijano como líder e o patrocínio da Turquia, a mesma nação que perpetrou um dos maiores genocídios da história, daquela feita contra o povo armênio. Enquanto isso, com sua inação, o governo de Vladimir Putin que deveria ajudar a Armênia na proteção da região se soma aos cúmplices de mais um desastre humanitário.


Antonio CR Tupinambá


Fortaleza, 2 de outubro de 2023.




Vila de Garni na província de Kotayk, na Armênia





                    Yerevan -- Capital da Armênia.