POLIS

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O projeto nasce com foco no comportamento político nas sociedades contemporâneas e nos efeitos dos movimentos sociais e políticos atuais sobre as liberdades e processos emancipatórios, bem como seus impedimentos em escala local, nacional e global. Tem por objetivos o desenvolvimento de um campo interdisciplinar de reflexão e prática investigativa e divulgadora, reunindo debates em torno de questões como: preconceito, racismo, sexismo, xenofobia, movimentos sociais, violência coletiva social, relações de poder, movimentos emancipatórios de povos e nações, valores democráticos e autoritarismos, laicidade, análises de discursos e ideologias, de universos simbólicos e práticas institucionais. Nessa perspectiva, o Polis atua desde sua criação formal em 2013, como projeto de extensão e em 2015 como Blog para divulgação e atualização.

terça-feira, 12 de julho de 2016

TERRORISMO E HOMOFOBIA

                                                                 Ilustração retirada da internet

Abstract: On Sunday June 12. 50 people were killed and 53 were injured in the attack on a nightclub dedicated to the LGBT public in the city of Orlando – USA. The worst shooting attack in US history which can be compared with  the 2007 massacre at Virginia Tech university that left 32 dead. It was considered the worst terrorist massacre on American soil, after 11 September. Blood everywhere in the club. Evidences of an attack by a homophobic terrorist with repressed, unresolved homosexuality traits, and mixed by fundamentalist religiosity.

Resumo: No dia 12 de junho, 50 pessoas foram assassinadas e 53 ficaram feridas em um ataque a um clube dedicado ao público LGBT na cidade de Orlando – EUA. O pior ataque com arma de fogo na história estadunidense, comparado ao massacre de 2007 à Universidade de Virginia que deixou 32 mortos. Foi considerado o pior massacre terrorista em solo norte-americano depois do 11 de setembro. Havia sangue por todo o clube. Evidências de um ataque perpetrado por um terrorista homofóbico com traços homossexuais reprimidos e mal resolvidos, misturado, numa combinação explosiva, com religiosidade fundamentalista.


O atentado recente a uma boate gay em Orlando, que vitimou mortalmente 49 pessoas e deixou outras dezenas de feridos, reacende a discussão sobre uma inclinação homossexual reprimida, incômoda e às vezes patológica desses extremistas. Mal-estares face a questões específicas sobre as diversidades sexuais podiam ser muitas vezes melhor compreendidos e tratados com maior conhecimento sobre seus agentes. O pai do assassino de Orlando relata que seu filho se revoltara ao testemunhar um beijo entre dois homens, levando-o, de certo modo, ao ato extremo e deliberado que ceifou vidas e destruiu famílias. Apoiado em sua leitura religiosa fundamentalista, tal pai ignora a possibilidade do filho, não aceitando a própria homossexualidade, atacá-la externamente, em ato injustificável. Esse tipo de reação homofóbica pode servir para negar a própria homossexualidade ou “resolver” o problema de modo projetivo.
No filme “Beleza americana”, de Sam Mendes, essa dinâmica é tratada, na sociedade a que pertence o terrorista, por meio do personagem Frank Fitts: “Frank Fitts é nazista, espancador, autoritário, preconceituoso e, sobretudo, falso disciplinador. Suas características mascaram seu conflito identitário maior da homossexualidade. O desprezo e a repulsa pelos vizinhos gays encontram nele seu próprio desejo, o que evidencia sua personalidade perversa. Assim, Frank mostra o que esconde e esconde o que mostra. Veste a máscara da virilidade. Teme o que deseja e deseja o que teme. Esse  aporético conflito sugere o único fim possível: violência e ódio; delírio e morte[1]. Trata-se, possivelmente, no caso de Orlando, não apenas de um terrorista, o que já seria suficientemente abominável. Talvez com o avanço das investigações evidencie-se que temos de fato um terrorista homofóbico, acolhido pelo fundamentalismo religioso, moldando o seu perfil assassino e ainda catapultado por uma sociedade, na qual qualquer um pode possuir uma arma de fogo para materializar suas maldades.
O conceito de homofobia pretende caracterizar o ódio e o resultante desprezo pelos homossexuais. Para muitos, fruto do medo que homofóbicos têm de si e da própria homossexualidade ou de que os outros possam pensar que o são. Há também no grupo de homossexuais aqueles que podem funcionar de forma normopata e heterossexista, muitas vezes tão ou mais perigosos e preconceituosos, numa espécie de posição homofóbica reativa, catalisada por posições religiosas fundamentalistas, de fundo. Questões que também podem estar, semelhantemente, na base do racismo, do ódio ou do horror ao diferente. Como no caso de Orlando, uma combinação explosiva, podendo levar a rejeição dos próprios desejos, ao excesso e, finalmente, à catástrofe.
Junho de 2016




[1] Trindade, J.; Trindade, L. M. Beleza Americana: comentários psicológicos. Consultado em 15 de junho de 2016 de http://www.telacritica.org/ArtigoTelaCriticarevista9_BelezaTrindade.htm.