ESTADO E LAICISMO
Francesco_Ammendola (fotospublicas.com)
Publicado no Caderno Opinião do jornal Diário do Nordeste em 25 de março de 2008.
O
sábio Natan questiona se por acaso não somos homens, antes de judeus,
muçulmanos ou cristãos. Tal pode se traduzir em um clamor social pela
separação das forças públicas e religiosas para a viabilização de
qualquer Estado moderno. Segundo Pierre Bayle, um bom cidadão ou um bom
governante não tem que ser cristão nem adotar a expressão pública das
crenças religiosas.O
ateu pode ter um comportamento ético-social superior à prática de
muitos crentes. A utilização política das religiões tem sido,
historicamente, fonte de violência, fanatismo e guerra. Há um elemento
constitutivo das religiões monoteístas que torna difícil o respeito e a
tolerância às demais religiões e crenças. Estados, nos quais
pensamentos religiosos ou valores escolhidos buscam o domínio do
ideário e da existência de todos, pressupõem a prática de atos de base
moral personalista em detrimento daqueles oriundos de princípios
democráticos. Observam-se na busca da verdade, do bem viver e na defesa
da justiça, da liberdade e dos direitos humanos, idiossincrasias de
sociedades desenvolvidas e laicas. Mas tal privilégio não deve ficar
circunscrito a poucas nações, pois diferentes povos têm, igualmente,
lutado por liberdade e justiça. Parte dessa luta se define como a busca
da consolidação de Estados laicos que atualizem as demandas de seus
cidadãos.A
utilização política das religiões tem sido historicamente fonte de
violência, fanatismo e guerra. No fundo, há um elemento constitutivo de
todas as religiões monoteístas que torna difícil o respeito e a
tolerância das demais religiões e crenças. Se cada religião monoteísta,
cada religião do Livro (cristianismo, islamismo e judaísmo) se
apresenta como a única possuidora da Verdade em questões morais e de
formas de vida, é impossível que não surjam conflitos entre elas.Por
tudo isso, a laicidade e o laicismo podem se apresentar no mundo atual
como uma ponte de diálogo entre as culturas e as religiões, já que
promovem a tolerância das diferentes culturas e o respeito a todos os
estilos de vida desde que não atentem contra os direitos humanos.
ANTONIO CAUBI RIBEIRO TUPINAMBÁPsicólogo e Professor
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