POLIS

POLIS
O projeto nasce com foco no comportamento político nas sociedades contemporâneas e nos efeitos dos movimentos sociais e políticos atuais sobre as liberdades e processos emancipatórios, bem como seus impedimentos em escala local, nacional e global. Tem por objetivos o desenvolvimento de um campo interdisciplinar de reflexão e prática investigativa e divulgadora, reunindo debates em torno de questões como: preconceito, racismo, sexismo, xenofobia, movimentos sociais, violência coletiva social, relações de poder, movimentos emancipatórios de povos e nações, valores democráticos e autoritarismos, laicidade, análises de discursos e ideologias, de universos simbólicos e práticas institucionais. Nessa perspectiva, o Polis atua desde sua criação formal em 2013, como projeto de extensão e em 2015 como Blog para divulgação e atualização.

segunda-feira, 23 de novembro de 2015

A Saga Copta - Originalmente publicado no blog Controvérsia (www.controversia.com.br) em 24 de março de 2015.



Prof. Antonio Caubi Ribeiro Tupinambá
E-mail: tupinamb@ufc.br

                                                                                                                  
A SAGA COPTA                                                                                                                                                      
Os coptas são povos originários do Egito de um tempo anterior à invasão árabe/muçulmana em torno de 641. A conversão dos egípcios ao cristianismo já no século I fez com que a invasão do Islã no século VII encontrasse um Egito completamente cristianizado. Daí a palavra copta significar a própria nacionalidade local, ou seja, “egípcio”, pois naquela altura “ser egípcio era ser cristão”, não sendo feita uma diferença entre os termos.
É exatamente no referido século VII o momento em que começa a saga do povo copta, perdurando por catorze séculos, isto é, até os dias atuais. Vivendo sob o domínio dos muçulmanos, os coptas vêm sendo lenta e progressivamente dizimados, juntamente com outras religiões e culturas outrora predominantes nessas terras tornadas “árabes”.
Assim como a palavra “judeu” representa um povo e uma religião, o termo “copta” representa uma parte do povo egípcio e sua religião cristã. O extermínio de culturas e religiões antes predominantes nessas terras hoje “islâmicas” tem apenas um de seus exemplos nos cristãos do Egito. De maioria absoluta, os coptas correspondem a apenas 12% da população local atual, ainda que representem a maior minoria cristã em todo o Oriente Médio. Uma minoria de 10 milhões que perde fôlego por conta da perseguição que sofre há séculos e recrudesceu após a queda da ditadura Kadafi em 2011. Mesmo nos dias de hoje se identificam estratégias de inspiração fundamentalista que buscam aniquilar religiões e culturas antes predominantes nesses territórios invadidos e dominados. Os coptas do Egito não são, portanto, o único exemplo de grupos que sofrem com esse tipo de perseguição. Essa prática se espalha por vários países africanos e atinge outras minorias, como se testemunha na Nigéria, onde o grupo terrorista Boko Haram tem travado vários ataques contra os cristãos; ou ainda no Sudão, onde a sharia (lei islâmica) é fonte de inspiração constitucional, o que permite perseguições a pessoas e a grupos de outras religiões.
Não bastasse serem perseguidos em sua pátria, os coptas viraram alvo do grupo terrorista Estado Islâmico (EI), que sequestrou e decapitou no início de janeiro de 2015, 21 de seus trabalhadores na Líbia, apenas por conta de sua origem e confissão religiosa. Os coptas decapitados haviam sido sequestrados entre dezembro de 2014 e janeiro de 2015 na cidade líbia de Sirte, que ora se encontra em controle dos jihadistas. Tratava-se de pessoas que faziam parte de um grupo de milhares de emigrantes egípcios que buscavam trabalho no país vizinho.
É hora de mostrarmos ao mundo a indignação com mais essa barbárie de terroristas do Estado Islâmico, dizendo que “somos todos coptas”.


Nenhum comentário:

Postar um comentário