POLIS

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O projeto nasce com foco no comportamento político nas sociedades contemporâneas e nos efeitos dos movimentos sociais e políticos atuais sobre as liberdades e processos emancipatórios, bem como seus impedimentos em escala local, nacional e global. Tem por objetivos o desenvolvimento de um campo interdisciplinar de reflexão e prática investigativa e divulgadora, reunindo debates em torno de questões como: preconceito, racismo, sexismo, xenofobia, movimentos sociais, violência coletiva social, relações de poder, movimentos emancipatórios de povos e nações, valores democráticos e autoritarismos, laicidade, análises de discursos e ideologias, de universos simbólicos e práticas institucionais. Nessa perspectiva, o Polis atua desde sua criação formal em 2013, como projeto de extensão e em 2015 como Blog para divulgação e atualização.

segunda-feira, 23 de novembro de 2015

AINDA SOBRE A CRUCIFICAÇÃO NA PAULISTA


                                         Foto retirada da internet
…pois eu não volto pra cozinha, nem o negro pra senzala, nem o gay pro armário. o choro é livre ( e nós também)  Pitty Leone.
A metáfora da crucificação pode ser apropriada por qualquer cristão que se sinta, em sua vida, também “crucificado”. O que houve durante a parada da diversidade sexual no mês de junho deste ano na avenida Paulista, em São Paulo, foi um protesto da atriz Viviany Beleboni contra a arrogância, a maldade e a violência social, remetendo ao símbolo maior do cristianismo. Símbolo que não pode ser monopólio de alguns. Tampouco daqueles que se aproveitam de uma população aviltada para, aproveitando sua suscetibilidade, conseguir por meio de chantagem religiosa que moedas jorrem em sua direção: essa população, que explorada na sua vulnerabilidade, se ilude e acredita em falácias e rasas interpretações do Livro por falsos líderes no topo de sua ganância e oportunismo. Às vezes, práticas desonestas dessa natureza se dão nas empresas religiosas, noutras em um parlamento manchado pelo proselitismo. Quando se indignaram com a transexual que, literalmente, se crucificou na avenida Paulista, podem tê-lo feito pela incapacidade de simbolização, por conta da irreflexão, do desejo em monopolizar o saber sobre o cristianismo ou pelo cálculo dos dividendos que a deturpação do evento pode gerar. Desfigurar uma demonstração contra o sofrimento por meio do maior símbolo de amor e justiça do Ocidente é estratégico para alguns mal intencionados. Mas a TODOS, se assim o quiserem e independente de quem não o queira pertence o Deus. Quem são esses políticos raivosos arautos da retidão e do amor cristão? Muitos mergulhados em práticas espúrias, indiferentes ao sofrimento humano, julgando a todos com seu ódio peculiar. Muitos incentivando um bullying coletivo, cuja única justificativa seria a não aceitação das diferenças. Pensam agir como Jesus, mas na realidade o fazem, como os seus algozes. Viviani Beleboni atualiza o mito cristão do cordeiro de Deus sacrificado. Encarna a fé de milhares de homossexuais assassinados, pela violenta intolerância de parte da sociedade narcisista, que repudia a alteridade configurada pelo feminino. A atriz fez uma performance-manifesto, numa luta corajosa pela ressurreição de gays silenciados à força, por um machismo ignorante. Caso não se saiba, vale a pena lembrar que Deus é amor e não ódio assassino.
Fonte: publicado orginalmente no blog Controvérsia (www.controversia.com.br), em 27 de outubro de 2015.

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