Foto retirada da internet
…pois eu não volto pra cozinha, nem o negro pra senzala, nem o gay pro armário. o choro é livre ( e nós também) Pitty Leone.
A metáfora da crucificação pode ser apropriada por qualquer cristão que
se sinta, em sua vida, também “crucificado”. O que houve durante a
parada da diversidade sexual no mês de junho deste ano na avenida
Paulista, em São Paulo, foi um protesto da atriz Viviany Beleboni contra
a arrogância, a maldade e a violência social, remetendo ao símbolo
maior do cristianismo. Símbolo que não pode ser monopólio de alguns.
Tampouco daqueles que se aproveitam de uma população aviltada para,
aproveitando sua suscetibilidade, conseguir por meio de chantagem
religiosa que moedas jorrem em sua direção: essa população, que
explorada na sua vulnerabilidade, se ilude e acredita em falácias e
rasas interpretações do Livro por falsos líderes no topo de sua ganância
e oportunismo. Às vezes, práticas desonestas dessa natureza se dão nas
empresas religiosas, noutras em um parlamento manchado pelo
proselitismo. Quando se indignaram com a transexual que, literalmente,
se crucificou na avenida Paulista, podem tê-lo feito pela incapacidade
de simbolização, por conta da irreflexão, do desejo em monopolizar o
saber sobre o cristianismo ou pelo cálculo dos dividendos que a
deturpação do evento pode gerar. Desfigurar uma demonstração contra o
sofrimento por meio do maior símbolo de amor e justiça do Ocidente é
estratégico para alguns mal intencionados. Mas a TODOS, se assim o
quiserem e independente de quem não o queira pertence o Deus. Quem são
esses políticos raivosos arautos da retidão e do amor cristão? Muitos
mergulhados em práticas espúrias, indiferentes ao sofrimento humano,
julgando a todos com seu ódio peculiar. Muitos incentivando um bullying coletivo,
cuja única justificativa seria a não aceitação das diferenças. Pensam
agir como Jesus, mas na realidade o fazem, como os seus algozes. Viviani
Beleboni atualiza o mito cristão do cordeiro de Deus sacrificado.
Encarna a fé de milhares de homossexuais assassinados, pela violenta
intolerância de parte da sociedade narcisista, que repudia a alteridade
configurada pelo feminino. A atriz fez uma performance-manifesto, numa
luta corajosa pela ressurreição de gays silenciados à força, por um
machismo ignorante. Caso não se saiba, vale a pena lembrar que Deus é
amor e não ódio assassino.
Fonte: publicado orginalmente no blog Controvérsia (www.controversia.com.br), em 27 de outubro de 2015.
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