Foto retirada da internet
As "Falkland Islands", conhecidas pelos sul-americanos como as Ilhas
Malvinas, reacendem as tensões entre britânicos e argentinos no momento
em que ocorre uma série de cerimônias e discursos inflamados para marcar o 30º aniversário do início da Guerra das Malvinas. Essa guerra teve o protagonismo dos dois países que disputam o domínio das ilhas de localização remota para os britânicos (a 12.800km de seu território) e próxima para os argentinos (a cerca de 500 quilômetros dasua
costa). Ao todo, 255 soldados britânicos e 650 argentinos morreram no
conflito, que começou com uma invasão argentina das ilhas no dia 2 de
abril de 1982. No momento, acirra-se a polêmica sobre quem tem direito
ao controle do arquipélago na ocasião desse 30º ano do episódio bélico
que culminou com a vitória da Grã-Bretanha - e também não só com a
derrota argentina, mas com a consequente queda do seu presidente militar
Leopoldo Galtieri acusado, naquela altura, de incompetência à frente do
evento. A questão atual mais em voga pode ser a dos interesses
britânicos na exploração de petróleo naquela região, o que para o
governo argentino violaria não apenas os direitos territoriais do país,
mas também iria contra resoluções da ONU. Na disputa pelo território há
acusações bilaterais sobre boicotes à população local por meio de
bloqueios de suas embarcações em portos argentinos e sobre
a militarização do Atlântico Sul pela marinha britânica. Mesmo que as
ambições comerciais com o petróleo local não estivessem presentes nessa
disputa territorial, descobertas recentes de grandes reservas de
petróleo próximas às Ilhas justificariam o interesse atual dos dois
países pelo controle do arquipélago, sendo, portanto, sua motivação
principais. O "ouro negro" abundante poderá logo se sobrepor aos ideais
nacionalistas que existiam nas raízes das disputas. Talvez com isso
pouco se escute falar, daqui pra frente, de ovelhas, pinguins e baleias e
da necessidade de preservação ecológica da região, que os britânicos
acreditavam poder fazer melhor. Do mesmo modo, os cerca de três
mil "kelpers", habitantes locais, também conhecidos como malvinenses ou
malvinos, serão, provavelmente, mais utilizados do que protegidos nesse
imbróglio político.
ANTONIO CAUBI TUPINAMBÁ
Artigo publicado originalmente no Caderno Opinião do Jornal Diário do Nordeste em 26 de abril de 2015.
Professor da UFC
http://diariodonordeste.verdesmares.com.br/cadernos/opiniao/artigos-1.1277114
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