Publicado no Caderno Opinião do DN em 03 de março de 2008.
IDÉIAS
Há
cinco anos se cunhava uma nova sigla para designar um grupo de nações
semelhantes em suas perspectivas econômicas futuras. Surgia uma elite
entre os países emergentes forma da pelo Brasil, Rússia, Índia e China, o
BRIC. Demografia,
potencial de mercado e outros fatores justificam o tratamento especial
ao grupo.Trata-se de um mercado que soma cerca de 800 milhões novos
consumidores e um potencial para competir com outros grupos econômicos.
Não há, contudo, características culturais tão comuns a essas quatro
nações.
Horizontes
distintos e sérias restrições internas a um projeto aglutinador de tal
magnitude podem dificultar o projeto. Mas ainda que os países do BRIC
não cheguem a atender às expectivas de formar um ambiente favorável a
novas estratégias de expansão, um processo já foi desencadeado nessa
direção e exerce sobre seus habitantes efeitos que transcendem às
mudanças econômicas previstas. O BRIC continua sendo uma união
artificial por serem seus membros países continentais periféricos ao
sistema econômico mundial e demonstrarem um desejo de aproximação
limitado.
Nessa
direção se observam apenas movimentos modestos entre os vizinhos Rússia
e China ou iniciativas diplomáticas que incluem a Índia e mais
timidamente o Brasil. A Índia, o mais diferenciado do grupo em termos de
cultura e religiosidade, foi visto por um longo tempo como incapaz de
absorver avanços econômicos nos moldes ocidentais. País marcado por
profundas desigualdades sociais e uma cultura ancestral de difícil
penetração por valores capitalistas, provoca questionamentos sobre o
benefício social de sua acelerada política neo-liberal e globalização.
Mas, pelo menos no caso indiano, ainda se identificam certo investimento
e respeito a pequenas comunidades produtivas, organizações comuns
durante o movimento de luta pela independência do império britânico.
Vale questionar se, na Índia ou noutros países do bloco, tais políticas
́culturalmente corretas ́ ocorrem em respeito às comunidades locais, ou
se se trata de mais uma estratégia de combate a eventuais resistências a
projetos políticos dominantes.
ANTONIO CAUBI RIBEIRO TUPINAMBÁ - Psicólogo
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