Publicado no Caderno Opinião do DN em 20 de novembro de 2011
IDÉIAS
No congresso virtual intitulado A nova face da guerra (The Changing Face of War), que ocorreu entre os dias 14 e 20 de novembro de 2011, vários estudiosos abordam esse tema nas suas mais diversas perspectivas, formas e influências no mundo hodierno. A discussão sobre a possibilidade da existência de uma guerra que seja considerada justa ocupou um significativo espaço na sua programação. Tomando por base as ideias de Noam Chomsky sobre o tema fica fácil contra-argumentar autores como Michael Walzer e seu famoso livro guerra justa e injusta, no qual se constata uma falta de argumentos reais e sólidos para apoiar a ideia e o conceito de guerra justa que defende. Ao se tratar determinadas intervenções bélicas, fala-se também de outro conceito semelhante, nomeadamente, o de guerra preventiva. Como ocorreu no Afeganistão, na guerra do Iraque encontramos a falsa ideia de prevenção, quando o objetivo real dos invasores era manter o domínio do mundo pela força. Naquela altura, o governo estadunidense usou o Iraque como um ensaio para deixar claro ao mundo que suas intenções de domínio deveriam ser levadas a sério. O então presidente Bush pretendia usar quais fossem os meios para assegurar seu domínio sobre o mundo numa espécie de reinado supremo, e para fazê-lo, permanentemente, removeria qualquer desafio potencial que percebesse. Isso é o coração da doutrina da guerra preventiva, que não se distancia daquela da guerra justa (Chomsky, 2007). Enfim, observa-se que não é fácil encontrar argumentos convincentes e sérios para apoiar a guerra justa. Alguns deles não passam de opiniões pessoais, expressões de crenças ou imposições ideológicas e falaciosas. Comungando com o pensamento de Chomsky, o cientista social e crítico político mais atuante nos dias de hoje, diríamos acerca das afirmações de apoiadores da legitimidade da guerra justa, que lhes faltam argumentos sérios e fundamentados. Eles defendem o conceito tomando, por exemplo, casos como o do Afeganistão, como se tal representasse um triunfo da guerra justa, o que de fato e até o momento não se pode comprovar. Vê-se nesses discursos apenas o desejo de se converter a teoria da guerra justa em uma forma apologética para aquilo que favorece a prática de atrocidades de um Estado sobre outro.
ANTONIO CAUBI RIBEIRO TUPINAMBÁ - Psicólogo
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