"A morte de uma criança fugindo [da fome ou] da guerra é uma afronta, um grito da vida contra a morte"
Uma rotina macabra na região procurada por emigrantes desesperados, que cada vez mais veem sonhos de entrarem em território estadunidense se tornarem em pesadelos. Na área em torno do rio Bravo, local em que aconteceu a tragédia a que ora nos reportamos, testemunham-se seguidos afogamentos por conta de tentativas frustradas de fugir ao bloqueio de milhares que esperam por terem avaliados seus pedidos de entrada em solo norte-americano. Há relatos de que pelo menos uma pessoa por mês morre afogada tentando chegar aos Estados Unidos. "Apenas no ano passado 283 pessoas morreram tentando atravessar a fronteira”. (https:##) “Uma criança morta na praia, no lugar em que acontece esse idílio do mar com a terra e que aí não espalha felicidade, mas o terrível som de uma notícia de que chove como o pranto no coração. Uma criança morta numa praia da Turquia [ou aqui nas águas de um rio no México,] em busca de refúgio no mundo, fugindo da guerra, fugindo do som cruel das armas [ou ainda, nesse caso, fugindo da fome. Tudo se equivale, pois] 'uma criança é o mundo inteiro'”. Jair Bolsonaro (PSL) está de joelhos, cultuando o inominável homem das trevas. A genuflexão do presidente e seu ministro da economia Paulo Guedes em sua visita aos Estados Unidos diante do “patrão" é o retrato de submissão, entreguismo e baixa autoestima. "Ele e seu ministro da Economia, Paulo Guedes, foram para o país norte-americano para se curvar diante do presidente Donald Trump. Enquanto o responsável pela economia anuncia que o Brasil está à venda, Bolsonaro expressou toda sua desumanidade ao tratar imigração meramente como uma questão de segurança e com isso apoiar a construção do muro da vergonha na fronteira com o México”.Para o presidente a maioria dos imigrantes é mal intencionada e, como o filho, Eduardo Bolsonaro (PSL), considera uma vergonha para o Brasil, aqueles brasileiros que vivem ilegalmente no exterior. Na missão de se provarem capachos do império e, seguramente, com desconhecimento da História, ignoram o papel dos Estados Unidos na pobreza que assola os países latino-americanos, especialmente as pobres repúblicas da América Central. A foto do afogamento de pai e filha na tentativa de atravessar o rio Bravo na fronteira México e Estados Unidos é a definição da crise migratória atual. Oscar e Valeria Martínez, sua filha de um ano e onze meses deixaram El Salvador em consequência da pobreza e da falta de perspectivas em seu país para se afogaram no rio Bravo, pondo fim ao plano de recomeçar uma nova vida com sua família na “terra prometida”. Cansado de esperar pelos meios legais de imigração entre os milhares que se encontravam na fronteira, empreendeu por conta própria a travessia a nado, o que resultou nessa tragédia. Numa tarde de domingo deixou a cidade de Matamoros no México rumo ao território norte-americano na única maneira que achava possível, encarando uma travessia a nado. "Na imagem se pode ver a menina dentro da camiseta do pai e com um braço sobre o pescoço do homem… parece que, em desespero, ele colocou a menina na camiseta para não perdê-la na corrente e o que aconteceu é que a corrente os levou e ambos se afogaram, disse Le Duc”. Conforme constata a reportagem do El País, a imagem dura que se tem do pai e filha afogados nos traz uma amostra do drama que se vive nas fronteiras do México: “Era um barril de pólvora, uma tragédia que se pressentia pelo que se está vivendo nos acampamentos de migrantes em Matamoros, aponta Le Duc sobre o colapso do sistema migratório mexicano… Além de Óscar e Valeria, nesta segunda-feira quatro guatemaltecos, três crianças e uma mulher, foram encontrados sem vida no deserto do Texas por causa da desidratação. Uma crise migratória que continua contando vítimas". Para o cientista político Emir Sader trata-se de mais uma imagem que dimensiona os impactos da política de Donald Trump: a forma como o presidente "entende a questão migratória, desconsidera o papel de seu país na crise econômica e social que assola países como Honduras, Guatemala e El Savador. É como se não tivessem culpa da miséria e da violência na América Central". Visão esta compartilhada pelos atuais responsáveis pela perversa e equivocada política externa brasileira.
Antonio C. R. Tupinambá
Nenhum comentário:
Postar um comentário