Ilha
turística que tem o cognome de Ilha da Beleza (Île de Beauté), a
Córsega está localizada no Mar Mediterrâneo, sendo considerada uma
coletividade territorial, segundo denominação do governo francês.
A ilha é mais conhecida por suas belezas naturais e como destino de
turistas continentais europeus, principalmente franceses.
Historicamente conhecida como o berço de Napoleão Bonaparte foi
independente por um breve período de tempo, nomeadamente entre 1755
e 1769, após ter sido parte da República de Gênova. A influência
cultural italiana é inegável, inclusive na língua nacional, o
idioma corso. Mas nem tudo são flores na ilha de belezas e natureza
exuberantes. Com sua imensa extensão em praias de águas azuis,
reservas e parques ecológicos, uma história que data de antes do
Império Greco-Romano e cidades que ainda preservam sua arquitetura
medieval, vive, a exemplo de outras regiões europeias, uma
experiência e história de separatismo próprias.
No
caso da “nação" corsa, os motivos para o movimento
separatista é muito mais uma questão de natureza cultural do que
econômica. Há por exemplo, a atitude governamental com relação ao
idioma local que irrita os políticos e a população envolvida na
questão independentista ou autonomista. O idioma corsa sequer é
ensinado nas escolas e se encontra entre aqueles que correm o risco
de serem extintos. Há dois movimentos locais que buscam mudanças
específicas quanto ao status político da Córsega, que também se
diferenciam em relação ao que apregoam acerca de métodos de luta.
O
primeiro deles, autonomista, é representado pelo U Partitu di a
Nazione Corsa (Partido da Nação Corsa, PNC), que defende uma maior
autonomia regional. O segundo, Corsica Libre, defende a independência
total da Córsega.
Para
os jovens corsas que se identificam com a causa da independência do
seu “país”, as iminentes eleições para a presidência da
França, levando-se em conta os dias que a antecederam, não
significava muito. Esses jovens nacionalistas apresentavam muito mais
uma profunda indiferença às
eleições
presidenciais, pois para eles, tratava-se de um acontecimento
distante, em um país distante, alheio a seus destinos locais.
Já
há quase sete anos, quando eleições regionais ocorreram na França,
a Córsega parecia querer se apresentar como mais uma “nação"
oprimida na Europa. Nessa altura, o independentismo, que foi se
reafirmando com sua denominação "Córsega livre”, conseguiu
quatro deputados e 9, 85% dos votos.
Placas
bilingues (Francês e Corsa) com os letreiros em francês pixados.
Para
os que fazem parte deste grupo de simpatizantes e favoráveis à
viabilização de sua independência da França, a vida, nos seus
diversos formatos, corre em uma ilha nação sem Estado. Uma ilha sob
domínio francês desde o século XVIII, à
revelia do movimento existencial e identidade de sua população, que
continua sendo apresentada por seus representantes oficiais como uma
região-balneário anexa à
França, destino para o turismo continental.
A
voz de Paul Salort, presidente da principal associação de
estudantes da universidade local resume uma indiferença generalizada
entre os jovens que se intitulam nacionalistas e simpatizantes, na
Córsega. Segundo o estudante, o ceticismo sobre o papel do próximo
presidente na questão corsa está por trás dessa indiferença e da
promessa de muitos em anular o voto ou sequer comparecer às
urnas. Não por menos, os resultados das eleições deste último
domingo, dia 7 de maio de 2017, refletiram tanta indiferença na
ilha, com uma clara divisão nos seus resultados:
os dois candidatos que chegaram ao segundo turno, Emmanuel Macron e
Marine Le Pen em um quasi
ex-aequo,
ao lado de uma abstenção que beirou os 36% obtiveram,
respectivamente, 67.241 (51,48%) e 63.378 (48,52%).