POLIS

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O projeto nasce com foco no comportamento político nas sociedades contemporâneas e nos efeitos dos movimentos sociais e políticos atuais sobre as liberdades e processos emancipatórios, bem como seus impedimentos em escala local, nacional e global. Tem por objetivos o desenvolvimento de um campo interdisciplinar de reflexão e prática investigativa e divulgadora, reunindo debates em torno de questões como: preconceito, racismo, sexismo, xenofobia, movimentos sociais, violência coletiva social, relações de poder, movimentos emancipatórios de povos e nações, valores democráticos e autoritarismos, laicidade, análises de discursos e ideologias, de universos simbólicos e práticas institucionais. Nessa perspectiva, o Polis atua desde sua criação formal em 2013, como projeto de extensão e em 2015 como Blog para divulgação e atualização.

sexta-feira, 14 de abril de 2017

MASSACRE AOS COPTAS NO EGITO














                                                                                


Dois ataques terroristas a igrejas coptas egípcias em um domingo de abril de 2017 com 44 vítimas fatais deixaram clara a incapacidade do Estado egípcio em coibir a reincidente e cruel agressão islâmica a minorias no país.  O Estado deliberadamente não protege a minoria cristã copta, o que resulta no recrudescimento de sentimentos anti-cristãos entre os muçulmanos. Já há cerca de sete anos em Massa Matrouh, cidade portuária a Oeste de Alexandria, uma turba enfurecida de muçulmanos saiu à deriva depois de um Imam exorta-los a fazer uma limpeza da cidade dos infiéis cristãos. Os coptas são originais daquela região norte-africana e anteriores à invasão árabe-muçulmana do Egito, já tendo sido confundidos com a própria nacionalidade, ou seja, houve um tempo em que ser egípcio era o mesmo que ser copta e cristão. A saga interminável desse povo teve início no século VII. Os coptas vêm sendo vítimas de um processo de lenta e progressiva dizimação, parte de um verdadeiro movimento de extermínio de culturas e religiões antes predominantes na região. Um grupo populacional outrora majoritário que hoje corresponde a apenas 12% da população local e perde fôlego por conta de uma perseguição que só aumenta após a queda da ditadura Kadafi em 2011. Os últimos ataques terroristas do domingo refletem estratégias de inspiração fundamentalista que, não por acaso, antecedem a planejada visita do Papa Francisco ao país. Atos extremos revelam o intolerância religiosa e o desejo irracional de aniquilar culturas minoritárias locais. Mas esse grupo minoritário no Egito não é exemplo único dos que sofrem com tais perseguições. A prática extremista se espalha por vários países africanos e atinge outras minorias, como se testemunha na Nigéria, onde a facção terrorista Boko Haram tem travado vários ataques contra outros cristãos; ou ainda no Sudão, onde a sharia (lei islâmica) é fonte de inspiração constitucional, o que permite perseguições a não muçulmanos. Não podem ser esquecidos os coptas sequestrados e a seguir decaptados por terroristas do Estado Islâmico (EI) no início de janeiro de 2015, simplesmente por conta de sua origem e confissão religiosa. Indignação é o mínimo que tais barbáries podem despertar em nós. Nesse momento temos que deixar claro de que lado estamos, gritando  para o mundo que sim, “somos todos coptas”.